Inicio / Espaço Saúde / Onco-Ginecologia: experiência trazida da Austrália
Onco-Ginecologia: experiência trazida da Austrália
Dr. Luciano Rangel
Mastologia e Onco-Ginecologia
Membro das Sociedades Brasileiras de Ginecologia e Mastologia
CREMESC 10253
“Tive o privilégio de viver por 15 meses na Austrália, país que não poderia ser mais longe do Brasil. Brinco que, se fosse mais longe, ficaria mais perto! Foi uma riquíssima experiência profissional e pessoal de vida. Recomendo a todos!”, enfatiza Dr. Luciano Rangel, Ginecologista e Mastologista que atua na área de oncologia e retornou da Austrália agora em abril. O texto tem o intuito de falar sobre a sua experiência e as novidades que trouxe da Austrália, para colocar em prática aqui no Brasil.
Viver fora nos torna mais conscientes de nós mesmos, dos aspectos positivos e negativos de nossa cultura e educação. Durante este período, fiquei 12 meses envolvido em uma atividade profissional chamada “fellowship”, no hospital de câncer da Universidade de Sydney, a Lifehouse Chris O’Brien. Aos que têm pouca familiaridade com o termo, trata-se de um treinamento, em uma subespecialidade, para médicos que já são especialistas.
Minhas pacientes podem se interessar por saber de que maneira isso teria acrescentado para mim e, naturalmente, para elas. Creio que os benefícios foram tantos que não conseguiria enumerá-los todos aqui. Eles vão desde aspectos éticos do exercício da profissão, algo que os australianos são bastante primorosos, até questões técnicas e tecnológicas. Tive uma ampla exposição às estratégias de cirurgia minimamente invasiva (vídeo-laparoscopia e robótica), com os mais inovadores equipamentos e instrumentos existentes no mundo, aplicadas ao tratamento das condições ginecológicas benignas e malignas, supervisionado e orientado por grandes experts neste tipo de cirurgia. Tal experiência mudou a minha abordagem, incrementou o modo como realizo as minhas vídeo-laparoscopias e ampliou a minha experiência com o uso deste novo e moderno instrumental. Hoje, sempre que possível, tenho feito uso mais deliberado dos procedimentos minimamente invasivos, com pequenas incisões. Certamente, também houve um relevante progresso na cirurgia aberta, convencional, com a incorporação de novos detalhes técnicos aprendidos por lá.
No ano de 2016, presenciamos a publicação de consensos internacionais com novos protocolos definindo condutas que permitem uma abordagem menos agressiva no tratamento da doença ovariana, com resultados iguais em eficácia, mas, com amplos benefícios no que se refere à qualidade de vida das pacientes. Estas condutas já eram uma prática reiterada, em Sydney, à época destas publicações, e foram por elas endossadas.
Uma outra abordagem bastante interessante que vivenciei por lá foi o tratamento conservador de pacientes com câncer do endométrio (corpo uterino), mas que tinham desejo de engravidar. Estas mulheres tinham o útero preservado, recebiam tratamento clínico, inicialmente, e eram minuciosamente acompanhadas até atingirem o objetivo da reprodução.
Hoje, acredito que sou uma pessoa melhor e também um profissional melhor. Foi uma bela experiência de educação pessoal. Agora, de volta ao Brasil, sinto que tenho o dever de trabalhar para tornar mais próximas as realidades destes dois países, seja como cidadão, pessoa comum, ou como profissional.