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Falar para prevenir: depressão infantil

FALAR PARA PREVENIR: DEPRESSÃO INFANTIL

Fernanda Moreti

Psicóloga – CRP 12/15870

“Quando o machucado é aparente, bastam alguns pontos e potente cicatrizante para que deixe de incomodar; quando a ferida é interna, sangra lentamente e, se não for cuidada, pode matar.”

Em tempos de globalização, nunca estivemos tão conectados e diante de múltiplas possibilidades de nos comunicarmos. As crianças e adolescentes da última década fazem parte da geração Z, a qual os considera como seres digitais. Contudo, essa “hiperconexão” tem suas consequências e me parece que estamos apenas propagando informações, e que, muitas vezes, a conversa com qualidade não está existindo.

Digo isto porque apesar das facilidades do mundo moderno, nunca se sofreu tanto pelas “dores da alma”, se assim posso dizer. Percebe-se que doenças afetivas e ansiedade crescem a cada dia e serão mais incidentes num futuro programado para ser feliz. Nesse contexto, crianças e adolescentes estão cada vez mais expostas, apresentando dificuldade em se relacionar e adoecendo precocemente.

Estamos diante de um paradoxo... Vivemos numa época que teria tudo para ser agradável, avanços tecnológicos, intervenções médicas sem dor... E mesmo assim sentimos um grande vazio.

Desse modo, a depressão pode ser considerada o mal do século XXI, sendo que a genética é responsável por uma parte, mas o meio ambiente é fundamental. É mais comum entre pessoas de 24 a 44 anos, mas pode aparecer em crianças, adolescentes e idosos, como também na gestação.

Num ambiente cada vez mais virtual e pautado em imagens, que por vezes são ilusórias, nossas crianças e adolescentes estão sem referencial, ou seja, “perdemos a bússola”. Se antes tínhamos uma sociedade organizada com símbolos que ofereciam uma identificação coletiva e padrões de comportamento felizes, como por exemplo, o papel do pai dentro da família e/ou a representatividade da pátria, hoje a globalização pulverizou esses valores.   

Portanto, é fundamental que pais e responsáveis observem seus filhos, estejam atentos aos sinais e sintomas da depressão infantil, como humor triste, irritação, desânimo, pouca frequência escolar, autoimagem negativa. É bom ressaltar que meninos depressivos são mais irritados.

Nesse sentido, é bom lembrar que nós humanos somos seres da linguagem, como também aprendemos por imitação. Assim, é de suma importância conversar, conviver com os demais, fortalecer vínculos. Esses são antídotos que podemos oferecer para ajudar nossas crianças.

Como Psicanalista acredito na cura pela fala, portanto em situações onde os sintomas e traumas já estão instalados, é de suma importância buscar profissionais especializados como psicólogos e psiquiatras para tratar a criança e/ou o adolescente.          

Relembro aqui as palavras do historiador francês George Duby, que em seu livro “Ano 1000 ano 2000: na pista de nossos medos”, ressalta que a sociedade medieval possuía uma qualidade fundamental para o bem-estar do ser humano: A SOLIDARIEDADE.

 

 

                                                         

 


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