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Se exponha, mas não se queime! Alerta sobre o câncer de pele
Dra. Carla Corrêa Martins
CREMESC 18975 RQE 14348
A Dra. Carla Corrêa Martins, especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) faz um alerta sobre a exposição inadequada aos raios solares e enfatiza a campanha da SBD deste ano. O slogan é “se exponha, mas não se queime”.
O mês de dezembro é lembrado por ser o início do Verão e da maior exposição solar com consequente aumento da chance de desenvolvimento de câncer de pele. “Dezembro Laranja”, como é conhecida a campanha anual da SBD, deseja conscientizar a população brasileira sobre os riscos inerentes à exposição solar. Este ano a campanha vai perdurar durante todos os meses do Verão.
O câncer de pele é o câncer mais prevalente no Brasil e corresponde a 30% dos diagnósticos de câncer no país. Evitar os horários onde os raios solares são mais perigosos e utilizar proteção solar são fatores fundamentais para diminuir as chances do desenvolvimento de câncer de pele.
Os tipos mais comuns de neoplasias cutâneas são os chamados “carcinomas” e podem ser do tipo “basocelular” ou “epidermoide”. Existem também os “melanomas” que são mais agressivos e menos prevalentes.
Os carcinomas se desenvolvem principalmente nas áreas que ficam mais expostas ao sol, como face, colo, braços, pernas e atrás do pescoço) e costumam ser diagnosticados após os 40 anos. Isto porque estão relacionados com uma exposição solar mais crônica, de longo tempo. Geralmente surgem como como feridas ou lesões avermelhadas que não cicatrizam e podem até sangrar. Estes tipos de tumores têm um alto índice de cura, mas precisam ser diagnosticados e tratados precocemente para evitar complicações.
Os melanomas são mais agressivos e têm possibilidade de invadir outros órgãos e, consequentemente, possuem uma alta mortalidade. No entanto, se forem diagnosticados em fase inicial as chances de cura chegam a 90% . Os melanomas normalmente surgem como uma mancha marrom ou preta em qualquer local do corpo. Importante salientar que podem se desenvolver em um nevo (“sinal” ou “pinta”) já existente. São mais prevalentes em pessoas de pele muito clara, aquelas que se queimam com facilidade. Ocorrem também em pessoas com história familiar de melanoma ou que tenham muitas pintas espalhadas pelo corpo. A exposição curta e intensa aos raios solares, ou seja, aquelas pessoas que se queimam durante um final de semana, ficam muito avermelhadas e descascam em seguida, aumenta o risco deste tipo de câncer.
As frações da luz solar que atingem a terra e estão relacionadas ao câncer de pele são: o UVA (raios ultravioletas do tipo A) e UVB (raios ultravioletas do tipo B). Os raios UVA surgem desde o nascer do sol e se mantêm com uma mesma intensidade até o por do sol. Eles penetram mais profundamente na pele e são os responsáveis pelo envelhecimento cutâneo. A proteção contra o UVA é medida normalmente pelo fator mínimo de proteção UVA (FPUVA). Já os raios UVB demonstram sua maior força e quantidade entre às 10 horas da manhã e às 15 horas da tarde. Eles são os responsáveis pela queimadura solar e estão mais associados ao desenvolvimento de câncer de pele. A proteção contra o UVB é medida pelo FPS (Fator de proteção solar).
A ANVISA regulamenta que os protetores solares contenham a descrição do FPS no rótulo (portanto, sempre preste atenção!) e que a proteção contra os raios UVA deve ser de no mínimo 1/ 3 do FPS do protetor solar.
Existem dois tipos de filtros solares: os físicos promovem uma barreira física refletindo os raios ultravioletas. Exemplos são o óxido de zinco e o dióxido de titânio. Os protetores solares físicos são menos sensibilizantes e normalmente deixam a pele com maior brilho e aspecto esbranquiçado. Já os filtros químicos agem absorvendo os raios ultravioletas e os transformando por meio de reações químicas. Normalmente os protetores solares têm uma mistura de filtros físicos e químicos.
Como podemos nos proteger e evitar o surgimento de câncer de pele?
Use, diariamente, um protetor solar com um FPS mínimo de 30. O protetor deve ser reaplicado a cada 2 a 3 horas ou logo após imersão em água ou quando ocorrer sudorese intensa (suor intenso). A quantidade a ser aplicada pode seguir a regra da colher de chá: 2 colheres de chá para a região do tronco; 2 colheres de chá para cada membro inferior; 1 colher de chá para cada membro superior e 1 colher de chá para face e pescoço.
Além do uso do protetor solar, é importante proteger-se com roupas, chapéu, óculos escuros e guarda-sol. A exposição solar deve ser evitada entre às 10 e 15 horas, pois nesse período há maior incidência de radiação UVB.
O uso de protetor solar em crianças com menos 6 meses não é recomendado. Nesta idade elas não devem ser expostas ao sol. Após os 6 meses é recomendado o uso de protetor solar específico para crianças, dando preferência aos protetores com filtros físicos. É fundamental o uso de chapéus, roupas com FPS e um guarda-sol de algodão (e não de nylon) ou com proteção solar.
A recomendação para os atletas e pessoas que trabalham ao sol é o uso de protetores com um alto FPS (pelo menos 50) e que sejam resistentes à água e ao suor intenso. A área da face deve receber uma maior atenção. Os filtros mais espessos, como bastões ou cremes são bem indicados para essa região, pois não escorrem nos olhos. A proteção física é altamente recomendável e deve contar com boné ou chapeu e roupas com proteção solar.
Faça parte da campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia: SE EXPONHA, MAS NÃO SE QUEIME! E sempre procure um médico da SBD quando notar qualquer alteração na sua pele.