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Novidades do Congresso Americano de Dermatologia
Dra. Andréa Santos Soares
Dra. Luciana Moratelli
As especialistas em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, Dra. Andréa Santos Soares e Dra. Luciana Moratelli, estiveram recentemente nos Estados Unidos participando do Congresso Americano de Dermatologia (American Academy of Dermatology Annual Meeting). Este congresso ocorre anualmente e conta com a presença dos maiores especialistas na área de dermatologia clínica, cirúrgica e cosmiatria (cosmética médica). Este ano o congresso aconteceu em San Diego, na Califórnia. Dra. Luciana e Dra. Andréa descrevem algumas das novidades apresentadas durante a intensa semana de debates e apresentação de resultados de pesquisa, que tem como meta buscar tratamentos cada vez mais eficazes para as doenças da pele e anexos (unhas e cabelos), bem como encontrar novos produtos para a cosmética. As duas dermatologistas da Saúde Santa Mônica são membros da Academia Americana de Dermatologia (American Academy of Dermatology) e participam do congresso Americano todos os anos para se manterem sempre atualizadas na sua área e trazerem as novidades em termos de diagnóstico e tratamento das doenças de pele.
MELASMA: o melasma se caracteriza pelo surgimento de manchas faciais (na maioria das vezes na fronte, bochechas e região do buço) e, bem menos frequentemente, em regiões extra-faciais. É mais prevalente entre as mulheres e normalmente há piora das manchas no período do verão. A causa ainda não está bem definida, mas há relação clara com a exposição solar, tendência familiar e uso de anticoncepcionais hormonais. Existem alguns tratamentos para a diminuição da intensidade das manchas, mas o uso do protetor solar adequado, com reaplicação durante o dia, é essencial para o sucesso do tratamento. Os estudos comprovam a direta relação da luz visível com a piora das manchas do melasma. Alguns produtos tópicos estão sendo pesquisados nos Estados Unidos, como a Cisteamina tópica, que vem se mostrando um bom produto para auxiliar o clareamento das manchas. Publicações médicas têm focado também na relação do Ácido Tranexâmico (por via oral) como auxiliar no tratamento do melasma. A substância, que já é usada de maneira tópica para o clareamento das manchas, pode ser uma alternativa para as pacientes de pele mais morena e que já fizeram uso de outros tratamentos para o melasma, sem sucesso. Outro destaque do congresso, ainda dentro do tratamento do melasma é o uso de protetores solares com óxido de ferro. Este componente proporciona uma melhor proteção das manchas (já formadas) de melasma. Lembrando que não é somente a luz solar que pode causar manchas na pele, mas também a luz emitida por celulares, computadores, televisores, etc. Esta substância não está presente em todos os protetores solares e, normalmente, os que a tem, são tintos e algumas maquiagens já o possuem em sua formulação. O uso de protetor solar ainda é considerado como a medida mais importante para evitar o surgimento das manchas. Os estudos apresentados comprovam que a pele com melasma tem mais envelhecimento (elastose) devido ao sol. Esta elastose pode piorar a aparência e o vermelho do melasma. Mais um motivo para usar o protetor!
BOTOX / TOXINA BOTULÍNICA: existem diversos estudos em andamento e talvez ainda durante este ano será lançado nos Estados Unidos uma nova geração de toxina botulínica que promete uma maior duração do efeito de relaxamento do músculo. Foram elucidados alguns pontos de aplicação de toxina botulinica no contorno dos olhos para melhorar o arqueamento da sobrancelha. O que os palestrantes deixam claro é que a beleza está em uma sobrancelha naturalmente mais alta na região da cauda, e não na sobrancelha que levanta, em formato de triângulo (o que pode ocorrer se o profissional não aplicar corretamente a toxina botulínica). Está cada vez mais em alta o uso da toxina botulínica no contorno inferior da face (na linha da mandíbula), para um relaxamento dos músculos que tracionam a pele do terço inferior da face para baixo e aceleram o envelhecimento e a flacidez na região. O “efeito Nefertiti” (em homenagem à rainha egípcia que possuía o contorno mandibular muito bem demarcado) é obtido com a aplicação da toxina botulínica em pontos específicos para o relaxamento de músculos da região do pescoço.
ACNE e ROSÁCEA: o Dr. Hilary E. Baldwin, Diretor do Acne Treatment & Research Center em Morristown, Nova Jersey, enfatizou que tanto a acne quanto a rosácea são, primeiramente, problemas médicos e não estéticos e que é importante conscientizar o paciente deste fato. Não se trata apenas de “uma pele feia que precisa ficar bonita”, mas sim de uma pele que desenvolveu um problema e que deve ser tratada o quanto antes. Os estudos vem mostrando que um problema de barreira pode estar implicado na causa do surgimento da acne. Peles com acne tendem a ter uma menor quantidade de ceramidas na epiderme e que isto pode variar com as estações do ano. Muitas vezes, o tratamento da acne implica usar produtos que causam desconforto e um certo grau de ressecamento da pele podendo ser um fator que desestimula a continuidade do tratamento. Desta forma, tem sido indicado o uso de produtos hidratantes específicos para estes tipos de pele, pois o uso de produtos inadequados pode piorar ao aspecto da pele. O papel do dermatologista também é de incentivar seu paciente a seguir o tratamento e a usar as medicações indicadas para assim obter um bom resultado.
COSMETOLOGIA: a água micelar é uma novidade interessante e tem chamado à atenção pelas suas características químicas. A água micelar contém micelas que são pequenas bolinhas de moléculas hidrofóbicas (que repelem água) envoltas por uma camada hidrofílica (que atrai água). A combinação de componentes hidrofóbicos e hidrofílicos gera um produto de que deixa a pele limpa e purificada e pode ser usado em cosméticos (águas de limpeza faciais e águas para retirar maquiagens). A água micelar pode ser usada naqueles pacientes com dermatite atópica, dermatite nas pálpebras, eczema e para as peles maduras. É considerada uma importante aliada nos tratamentos faciais.
DERMATITE ATÓPICA: Crisaborole é um novo medicamento que faz parte do chamado grupo dos inibidores da fosfodiesterase 4, ou seja, esta droga atua diretamente na cascata de reações imunes do organismo. Os estudos com Crisaborole ainda não terminaram, mas demonstram que metade dos pacientes já terminaram o tratamento com bons resultados. Foi notável a melhora da qualidade de vida e diferentemente do pacientes tratados com corticoides, com este novo medicamento, o tempo de uso pode ser prolongado sem ter todos aqueles problemas relacionados com o longo uso de corticoides. As pesquisas também estão voltadas para a população pediátrica, incluindo menores de 2 anos de idade.
Estas são as novidades do congresso deste ano. E a mensagem final que deve ser deixada para todos os pacientes é: ao sinal de alguma alteração na sua pele, unhas ou cabelo, procure sempre um dermatologista especialista na área pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. E, como sempre, use protetor solar!