Inicio / Espaço Saúde / Fisioterapia Uroginecológica: quebrando tabus
FISIOTERAPIA UROGINECOLÓGICA
Quebrando tabus e melhorando a qualidade de vida
Simone Kazue Hanai
Fisioterapia Uroginecológica – CREFITO 116777
O mundo moderno exige o máximo de dinamismo nas nossas ações, quer nas atividades profissionais ou nas relações sociais e pessoais. Neste contexto, surge a Fisioterapia Uroginecológica. A Fisioterapeuta Simone Kazue Hanai, especialista no assunto, esclarece o que vem a ser esta especialidade da fisioterapia.
1. O que é a Fisioterapia Uroginecológica?
SKH: É uma especialidade da fisioterapia que atua no tratamento conservador das disfunções urogenitais e anorretais, de homens e mulheres. Os músculos do períneo são responsáveis pela sustentação dos órgãos desta região. O papel deste tipo específico de fisioterapia é melhorar a qualidade desta musculatura. Sua contribuição para o bem-estar físico e social é comprovada na prática clínica. Na grande maioria das vezes, os pacientes sentem uma melhora significativa com o tratamento e, muitas vezes, uma cirurgia consegue ser postergada, dependendo do problema existente, claro. Importante salientar que cada caso é um caso e que somente após uma avaliação específica (durante a primeira consulta) é que o número de sessões poderá ser estimado para que se obtenha uma melhora do quadro.
2. O que é períneo e por que ele é tão importante?
SKH: Períneo é o conjunto de músculos localizados na “bacia” que envolve e dá sustentação aos órgãos pélvicos (bexiga, útero, vagina, intestino e ânus). Esta musculatura perineal atua contra a gravidade, mantendo a continência urinária e fecal, impedindo assim, que estes órgãos “caiam” e gerem o que chamamos de incontinência urinária e fecal.
3. Como saber se precisamos procurar por um especialista em fisioterapia uroginecológica?
SKH: se você tiver algum dos sinais ou sintomas abaixo, deve procurar um especialista para tirar suas dúvidas e ser avaliado cuidadosamente:
- Perda urinária
- Perda involuntária de fezes ou gases
- Urgência miccional
- Constipação e problemas defecatórios
- Dor persistente na região da pelve (ou localizada no ânus ou na vagina)
- Flacidez ou fraqueza muscular da região da pelve
- Prolapso genital (“bexiga caída”)
- Falta ou ausência de orgasmo
- Dor durante o ato sexual (vaginismo) e impossibilidade de penetração
- Gravidez e pós-parto
- Cirurgias ginecológicas e pós operatório de cirurgias de próstata
4. No que consiste o tratamento?
SKH: O principal fundamento é o exercício muscular específico para a região perineal. Cabe destacar que, estatisticamente, 10% da nossa população sofre de alguma patologia do assoalho pélvico, o que equivale a 18 milhões de pessoas.
Falando um pouco sobre a incontinência urinária, este problema pode prejudicar a auto-estima e o convívio social, comprometendo assim a qualidade de vida da pessoa. O tipo de incontinência urinária mais conhecido é a “de esforço” onde ocorre a perda involuntária de urina ao tossir, rir, espirrar, mudar de posição, correr ou pular. Seus inconvenientes envolvem tanto o aspecto social como o higiênico, podendo causar infecções urinárias de repetição, e ainda refletir negativamente no desempenho sexual.
5. Quais as técnicas utilizadas durante o tratamento?
SKH: Durante as sessões, além de exercícios perineais específicos, algumas técnicas como a eletroestimulação e o biofeedback também são utilizados, conforme uma cuidadosa avaliação do paciente e de suas queixas. O resultado é um maior controle, e uma maior sensibilidade e fortalecimento da região perineal. Explicando um pouco de cada uma das técnicas:
Eletroterapia: através de correntes elétricas, são realizadas contrações repetidas dos músculos do períneo (lembrando que, dependendo da patologia, é necessário relaxar a musculatura). A intensidade é ajustada individualmente e os estímulos são delicados e totalmente tolerados.
Cinesioterapia: tratamento através de exercícios para gerar um aumento da força e da elasticidade muscular. Além disto, a cinesioterapia proporciona uma melhora da vascularização da região, melhorando também a percepção corporal e o ajuste postural.
Biofeedback: são aparelhos utilizados na reeducação da contração do esfíncter muscular vaginal e anal. Este equipamento traduz - através de uma resposta visual à paciente, a contração muscular realizada. Contribui assim para a melhora da percepção corporal e também para o fortalecimento dos músculos perineais.
Ginástica Hipopressiva: estimula e fortalece os músculos abdominais, as paredes vaginais e a musculatura do períneo; ajuda a posicionar os órgãos do baixo-ventre e favorece a correção postural (independente da idade do paciente).
Cones vaginais: são pesos graduados, de forma e volumes iguais (parecido com tampões) que são inseridos na vagina. A paciente realiza uma contração resistida para não deixá-los escapar, consequentemente, aumenta a força dos músculos do períneo. Este é o princípio do Pompoarismo.
6. Que orientações podem ser dadas para prevenir problemas na musculatura do períneo?
SKH: É preciso fortalecer a musculatura de períneo e do abdome, além de manter uma boa postura. Importante salientar que o treinamento funcional é bastante indicado para fortalecer os músculos do abdome e da musculatura para-vertebral (ao redor da coluna), e assim melhorar a postura e o centro de equilíbrio do corpo. Outro ponto fundamental é utilizar a musculatura perineal corretamente durante os esforços físicos, indo ao banheiro regularmente e evitando fazer esforço ao evacuar. Ao urinar, fazê-lo com tranquilidade para que a bexiga se esvazie completamente e preferencialmente a cada 4 horas. Ingerir água várias vezes ao dia (para evitar infecção urinária). Preparar o períneo durante a gravidez para assim facilitar a expulsão do bebê no momento do parto. Este fortalecimento deve ser trabalhado de preferência antes de engravidar, mas inciar atividade física orientada para a musculatura do períneo, abdome e para-vertebral durante a gestação é uma ótima ideia.
7. O tratamento da fisioterapia uroginecológica traz alguma dor?
SKH: Não. Este tipo de tratamento é um tratamento simples, indolor e eficaz!
Matéria publicada no Jornal Santa Mônica – maio de 2014.