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OSTEOPATIA: uma prática de saúde
Mariana Hanna Tondo
Fisioterapeuta e Osteopata- CREFITO 10 - 172388-F
“A Osteopatia utiliza, como forma de tratamento, somente as mãos, e o ser humano é tratado de forma global, isto é, fundamentado no conceito de que todas as partes e sistemas do corpo humano funcionam de maneira integrada”, explica a fisioterapeuta Mariana Hanna Tondo, que concluiu o curso de Osteopatia pela renomada Académie de Thérapie Manuelle Et Sportive, da Bélgica.
A Osteopatia foi criada pelo médico americano Andrew Taylor Still durante a guerra civil americana, no final do séc. XIX. Hoje, há duas correntes em relação à prática da Osteopatia: a realizada nos Estados Unidos, onde a profissão foi criada, restringe a prática aos médicos; e a outra corrente que prevalece em países da Europa é a de criar uma profissão independente, com critérios próprios para o ensino e o exercício da profissão.
No Brasil, a Osteopatia foi regulamentada pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) em maio de 2001, passando a ser considerada uma especialidade da Fisioterapia.
Segundo Mariana Tondo, a Osteopatia segue quatro princípios básicos que determinam o diagnóstico e o tratamento dos pacientes que procuram por esta especialidade:
1. a estrutura determina a função: ou seja, se a estrutura está em harmonia, não pode haver doença.
2. a unidade do corpo: o corpo tem a capacidade de se auto-regular, reencontrando a harmonia e o equilíbrio em suas estruturas.
3. a autocura: o corpo tem em si próprio tudo o que é necessário para curar e evitar as doenças.
4. a regra da artéria é absoluta: isto é, se as artérias não funcionarem corretamente, a nutrição celular será afetada e o sistema venoso se tornará mais lento, o que acumulará toxinas e fará surgir as doenças.
- Objetivo do tratamento: o objetivo das técnicas utilizadas no tratamento osteopático é de recuperar o movimento fisiológico dos braços, pernas, tronco e pescoço, naquelas áreas nas quais existe alguma restrição ou disfunção. Ou seja, o objetivo é retirar a dor causada por alguma restrição de movimento.
- Métodos utilizados: existe uma variedade de testes, de ações manipulativas e de ajustes osteo-mio-articulares, tanto para realizar o diagnóstico da dor como para fazer o seu tratamento. Dependendo do tipo de disfunção que o paciente apresenta, a abordagem poderá ser diferente.
Na osteopatia estrutural se faz o diagnóstico das disfunções que estão ocorrendo nos ossos, músculos, nervos, fáscias (revestimento que cobre os músculos e órgãos do corpo) e ligamentos. O tratamento então será específico e cada técnica utilizada será direcionada ao ponto que está gerando a dor. Dentre estas técnicas, existem: os trusts (manipulação da articulação com movimento rápido e curto que geralmente, provoca um som); as mobilizações articulares (movimentos lentos e rítmicos); pompagem fascial (o tecido é tensionado e assim alongado); energia muscular (o osteopata aplica uma força de resistência contrária à contração muscular do paciente); inibição muscular (relaxamento da musculatura através de um posicionamento que aproxime origem e inserção muscular); técnicas funcionais (relaxamento das fáscias) e neuromusculares (atuam nos músculos, vasos e fáscias).
Já a osteopatia visceral está voltada para o bom funcionamento do corpo como um todo, ou seja, as relações entre as vísceras (os órgãos do corpo, como por exemplo, o estômago, o intestino), o sistema nervoso central e o sistema estrutural. Os principais efeitos da manipulação visceral são: eliminação do espasmo reflexo da musculatura lisa do trato visceral (ou seja, relaxar a musculatura dos órgãos viscerais); estiramento das fáscias com o fim de liberar as aderências e dar elasticidade e liberdade de movimento (devolver movimento normal das estruturas); aumento da vascularização local (melhorar a circulação).
E por fim, a osteopatia craniana, que é uma terapia que consiste em liberar certas restrições no sistema crânio-sacral (que se estende da cabeça e desce por toda coluna) e dissipar os efeitos negativos do estresse sobre o sistema nervoso central, facilitando o processo de recuperação do próprio corpo.
- A sessão de Osteopatia:
Na primeira consulta, o fisioterapeuta osteopata capta informações sobre a queixa atual e o histórico passado de lesões e dores pelo corpo, além de obter informações sobre a rotina de vida e aspectos que podem estar relacionados com o quadro atual. A segunda parte é realizar uma avaliação chamada “cinética-funcional” onde se observa e se testa a existência de alguma restrição de mobilidade em todo o corpo (coluna, pescoço, membros superiores e inferiores, etc). Na sequência, o osteopata faz movimentos e ações manipulativas para liberar as áreas que estejam causando dor e assim poder dar ao corpo condições de se reequilibrar e eliminar as compensações (ou seja, a restrição na coluna pode gerar uma dor no quadril, por exemplo). A sessão dura aproximadamente 1h. O paciente é orientado a usar roupas confortáveis durante o atendimento.
- A Osteopatia pode beneficiar pacientes que apresentem:
- Dores nas costas (agudas ou crônicas)
- Ciatalgias (“dor no ciático”)
- Dores no pescoço e torcicolos
- Entorses e traumas
- Tendinites (LER/DORT)
- Hérnias de disco
- Disfunções esportivas, ortopédicas, traumáticas
- Vertigens
- Problemas digestivos
- Constipação intestinal e refluxo gastrointestinal
- Alterações do ciclo menstrual
- Disfunções da articulação temporomandibular (ATM)
Em relação às contra-indicações para a realização de tratamento osteopático, Mariana Hanna Tondo enfatiza que existem algumas, como a presença de tumores; quadros articulares agudos, como Artrite Reumatoide, Lúpus, Espondilite Anquilosante; artropatias traumáticas recentes, anquilose; insuficiências circulatórias localizadas, síndrome vértebro-basilar, acidente vascular cerebral recente, hérnia discal extrusada, estados infecciosos e fraturas.
“A Osteopatia se relaciona, fundamentalmente, com o sistema musculoesquelético. Porém, aborda o paciente de uma forma global, como um todo, restabelecendo o equilíbrio mediante técnicas manuais dirigidas para o problema. E por isso é recomendada e incentivada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma prática de saúde”, finaliza Mariana.
Matéria publicada no Jornal Santa Mônica - edição de maio/2015