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Dor crônica: a atividade física regular pode diminuir o sofrimento

Dor crônica: a atividade física regular pode

diminuir o sofrimento

 

Yuri Cordeiro Szeremeta

Educador Físico – CREF 015735SC

 

“Para quem sofre de dor crônica, é fundamental investir parte do tempo em atividades físicas, uma vez que a prática regular afasta o sofrimento e traz vários benefícios a quem se exercita”, destaca Yuri Cordeiro Szeremeta, Educador Físico e Pós graduando em Reabilitação de Doenças e Lesões Musculoesqueléticas.

 

É comum ver pessoas que sofrem com dores se resguardarem e realizarem com hiper vigilância qualquer movimento corporal mais ativo. Por vezes, as dores as incapacitam para realizar as mais simples tarefas do dia a dia. Essas pessoas frequentemente apresentam uma privação quase total de atividades físicas por sentirem receio de que poderão causar uma piora do seu quadro de dor. É ai que as pessoas se enganam!

 

Yuri Cordeiro, membro da Sociedade Brasielira do Estudo da Dor (SBED) explica que “para cada paciente, quer seja portador de um quadro leve ou moderado de dor crônica, deve existir uma abordagem diferenciada e exclusiva. Ou seja, a prescrição da atividade física deve ser individualizada: para cada pessoa, dependendo da causa da sua dor e dos reflexos dela no seu corpo. Dessa maneira, certamente a atividade física trará benefícios importantes”.

 

Dados da SBED revelam que milhões de brasileiros sofrem de doenças causadoras de dores crônicas como: Fibromialgia; doenças psicossomáticas; artroses; cefaléias (dores de cabeça); lombalgias (dores nas costas), etc... Essas são as grandes vilãs que podem provocar quadros depressivos pelo martírio de conviver diariamente com a dor.

 

Já está bem estabelecido cientificamente que a prática regular de atividade física possui importantes mecanismos fisiológicos no controle da dor. Um desses artigos foi publicado na Revista Brasileira de Medicina do Esporte (v. 15, n. 2, p. 145-150, 2009) mostrando os efeitos analgésicos que a prática de atividade física regular, nos portadores de dor crônica, pode causar. A atividade regular consegue modificar o estado emocional do indivíduo e torná-lo mais resitente à dor.

 

O professor Yuri Cordeiro Szeremeta explica que uma dor contínua ou intermitente, por um periodo superior a 3 meses, já pode ser considerada como dor crônica. E ressalta que estes quadros não são exclusivos da terceira idade. “A Fibromilagia, por exemplo, afeta principalmente mulheres com faixa etária maior de trinta anos, mas pode ser diagnosticada ainda durante a infância e adolescência”. 

 

O especialista esclarece que o exercício físico supervisionado e praticado regularmente consegue:

·      aumentar o limiar de dor: ou seja, a pessoa se torna mais resistente à dor e consegue diminuir o desgaste emocional resultante de um quadro álgico prolongado; 

·      regular o sono: ocorre uma melhora da qualidade de sono e uma diminuição da insônia e da dificuldade de entrar em estado de sono profundo (fatos que fazem parte da rotina do paciente com dor);

·      liberar hormônios: entre eles as endorfinas, que causam aquela sensação de bem-estar pós exercício físico. As endorfinas atuam como opioides naturais causando boas sensações;

·      fortalecer músculos e fáscias que estejam fracos, pouco alongados e mal nutridos. Muitas vezes eles são os causadores de dores específicas e pontos de tensão (tender points e trigger points);

·      mudar hábitos viciosos e maus hábitos alimentares;

·      melhorar a autoestima e questões motivacionais, combatendo a ansiedade e a depressão (estados  conflituosos e comuns nesses indivíduos com dores crônicas).

 

Importante salientar que nem todos os pacientes que sofrem de dores crônicas podem fazer exercício físico. Uma abordagem multidisciplinar (médicos, educadores físicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, etc) e uma avaliação completa da doença e do estado geral do paciente, devem ser sempre considerados para que o tratamento seja o mais efetivo e completo possível. “Por exemplo, quando houver um estado inflamatório ou infeccioso; após cirurgias ou na vigência de alguns tipos de câncer, o exercício físico está contraindicado”, afirma Yuri Cordeiro Szeremeta.  

 

O diagnóstico correto da causa da dor é fundamental, bem como o acompanhamento desse paciente. Ao se dar início às sessões de exercício físico, quer seja através de Treino Funcional ou de atividades aeróbicas, deve-se respeitar as particularidades e limitações de cada pessoa. É imperativo que esse exercício, de maneira alguma e em momento algum, possa agravar o quadro de dor.

 

Atenção àquelas dores que persistem por mais de 3 meses. Procure um médico e/ou um fisioterapeuta para que se faça uma investigação do quadro e se chegue a um diagnóstico. Após feito o diagnóstico, o próximo passo é procurar um especialista na área de Educação Física e dar início à avaliação corporal e funcional. O tipo de exercício físico bem como a duração, a intensidade e a periodicidade deverão ser estabelecidos por ele, e assim as atividades físicas poderão ser iniciadas.

 

Resultados imediatos não devem ser esperados. “Cada degrau conquistado deve ser encarado como uma vitória e deve ser construído com bastante solidez”, ressalta Yuri. Esse paciente, mais do que nunca, precisa enfrentar com paciência e perseverança o tratamento. Desta maneira os resultados poderão ser surpreendentes!

 

 

“A dor pode ser inevitável, o sofrimento é opcional.” 

 Carlos Drummond de Andrade

 

 

 


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