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Saúde da mulher: muito além da mamografia
Dra. Roxana Knobel
Ginecologia e Obstetrícia
CREMESC 10288 RQE 4717
Chega outubro e a cidade se ilumina com lembretes do Outubro Rosa. Bate aquela culpa de não ter feito mamografia este ano. Empresas incentivam suas funcionárias a fazerem os exames “periódicos” e… É isso.
É importante falar sobre câncer e prevenção, mostrar a doença sem estigmas e sem sensacionalismo. Colocar as pessoas que enfrentam a doença em foco, para ajudar quem está passando pelo processo de detecção e tratamento, seja para si mesmo, seja para uma pessoa querida.
O câncer de mama é o mais frequente nas mulheres, tem tratamento e o prognóstico (possibilidade de sobreviver à doença) é melhor se for descoberto precocemente. A publicidade que se faz durante o mês de outubro acaba afastando o real problema da existência de um câncer. Não basta fazer uma campanha que incentiva mulheres a fazer mamografias: o problema não será resolvido.
A mamografia é um exame de imagem. O exame em si não resolve, não cura. Ela serve para fazer diagnóstico e propor um tratamento, em caso de necessidade. Mas nem sempre fazer mamografia de rotina em uma mulher, sem sinais e nem sintomas, é a melhor conduta. Em alguns casos, o exame pode ser interpretado como tendo uma lesão suspeita e isto gerar a necessidade de se realizar outros exames e procedimentos. E, algumas vezes, isso tudo não diminui a chance desta mulher de morrer por câncer de mama. A explicação é que existem alguns fatores de risco que fazem com que a chance de ter este tipo de câncer aumente. Dentre eles, a idade da mulher, como estão seus hormônios, o risco familiar que ela tem, etc.
Cuidar da saúde não é apenas descobrir doenças precocemente! As campanhas deveriam focar em prevenção primária, ou seja, o que podemos fazer para diminuir as chances de ter um câncer (de mama, intestino e outros). Além disto, as campanhas deveriam prever, além da realização racional de mamografias, recursos reais para interpretar os exames e acompanhar as mulheres que tiverem alguma alteração.
Alguns fatores de risco e de proteção para o câncer de mama são conhecidos e bem estabelecidos. Por exemplo, amamentação, gestação, exercício físico, peso adequado (principalmente após a menopausa), diminuem o risco. Enquanto que o uso de terapia de reposição hormonal, pílulas anticoncepcionais e o consumo de álcool, aumentam o risco de se desenvolver este tipo de câncer. Vale a pena pensar nisso e adotar hábitos de vida saudáveis.
Isso não é somente sobre suas mamas, é sobre você! Pense e repense alguns aspectos de sua vida: alimentação, prática de atividade física, hábitos de sono, níveis de stress, atividade sexual, medicamentos e substâncias que você está tomando ou consumindo. Avalie com um profissional de saúde se há necessidade de algum exame de triagem de doenças (aqueles que a gente faz mesmo quando não está sentindo nada) e quais são mais adequados para o seu caso.
Pense nisso e invista em uma melhor qualidade de vida. Não é só sobre o câncer de mama, é para uma vida mais saudável, feliz e plena. E isso deve ser feito o ano todo, não tem que ser só em outubro!!!